domingo, 16 de janeiro de 2011

carreira / graduação
edição 210 - Setembro/2003
É policampeã!


O curso de engenharia de computação da Poli esmagou no ranking INFO


POR VIVIANE ZANDONADI

Difícil de entrar, mais ainda de sair. Pertencer à elite do melhor curso de tecnologia do país — engenharia de computação na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo — não é brincadeira. Depois de penar para conseguir uma das 40 vagas do curso em sua melhor versão — o cooperativo —, os alunos precisam continuar ralando 12 meses por ano, sem trégua.
Mas ninguém quer fazer Poli para botar as pernas para o ar, certo? O maior ponto de atração do curso cooperativo de engenharia de computação é justamente a carga (pesada) que intercala sala de aula e laboratório com estágios em empresas. A maratona começa quando cada um dos três últimos anos é dividido em três períodos de quatro meses. Ao todo, são cinco quadrimestres de imersão acadêmica e outros quatro de estágio em período integral. Trabalho puro.
“O cooperativo muda completamente a vida do aluno”, diz Shigueharu Matai, uma das figuras mais populares da Poli, ombudsman e responsável pelo departamento que cuida dos preciosos estágios da escola. “O cara aqui não tem férias.” Depois, o refresco: “Em compensação, sai com jogo de cintura para o mercado”. De fato, não é pouco sair da faculdade com um ano de experiência variada — e intensa — no currículo. A Poli tem mais de 1 700 empresas conveniadas para absorver estagiários. Entre 45 e 95 contratos são assinados por mês.
O tempo passado no campus durante os quadrimestres teóricos coloca o futuro engenheiro no meio de um estimulante parque de diversões tecnológico. A Poli tem 15 departamentos, 38 laboratórios superpoderosos e mais uma dezena de projetos de pesquisa que vão da realidade virtual à internet 2, passando por robótica e mapeamento agrícola. O contato com tudo isso pode render boas oportunidades.
Rubens Fonseca, de 24 anos, é aluno do último ano do cooperativo. Colecionava três estágios em áreas bem distintas — software para o mercado financeiro, indústria farmacêutica e produção de conteúdo multimídia —, quando foi selecionado para estagiar na brasileira Atech, uma das poucas empresas do mundo que desenvolvem sistemas de controle e de defesa de tráfego aéreo. Ele se deu bem. No início de 2003, junto com um colega da Poli, começou a criar como trabalho de conclusão um simulador de tráfego aéreo para ser usado em estudos de segurança e confiabilidade feitos na universidade, que, por sua vez, não precisou comprar o sistema: caro, raro e difícil de fazer. “No processo seletivo, isso ajudou”, diz. “Por causa do simulador, eu já conhecia jargões, conceitos e procedimentos da aviação.” Hoje, Fonseca cuida de um projeto de automação de tráfego na empresa. “Tudo muda muito rápido na tecnologia e os estágios são o melhor caminho para acompanhar”, diz.
O mercado de trabalho acena positivamente para essa formação graúda em prática. “A gente valoriza a dedicação a projetos extracurriculares e que ao mesmo tempo têm ligação com o meio acadêmico”, diz Izabel Cortez, do RH da Microsoft. “Mostra que o indivíduo tem foco e sabe se diferenciar.” A atualização é outro atrativo. “O recém-formado é uma fonte de novas tecnologias e idéias para a empresa”, diz Malena Martelli, diretora de RH da Unisys Brasil.


Engenharia nos trilhos e nos ares
Quase sem saber, a sociedade sorve os resultados de trabalhos importantes que não param de rodar nas melhores universidades. Quem viaja nos concorridos vagões de metrô de São Paulo, por exemplo, parece só se preocupar em chegar: o trem não pode parar nem bater. Uma sofisticada malha computacional segura o serviço nos trilhos. Na Poli, há um atento exército de professores e alunos dedicado a certificar a eficiência de sistemas como o que controla o transporte metroviário em São Paulo. O Grupo de Análise de Segurança (GAS) do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais é formado por sete docentes e 40 alunos (graduação e pós). Minuciosas simulações avaliam segurança e confiabilidade dos sistemas computacionais do metrô de São Paulo, o maior do Brasil.
Usam 15 computadores em rede, o cluster do Laboratório de Arquitetura e Software Básico e os supercomputadores do Centro de Computação Eletrônica da USP. Indústria petroquímica, usinas nucleares e sistemas médicos podem se beneficiar de estudos como esse. A atual menina-dos-olhos do GAS é outra aplicação crítica: o transporte aéreo.

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