Ruben Alves em um trecho do seu livro “A alegria de ensinar” escreve “ .... Acho que a tirinha do Charlie Brown me comoveu pela coincidência com este sofrimento imenso que se chama exames vestibulares. Fico pensando no enorme desperdício de tempo, energias e vida. Como disse Charlie Brown, os que tirarem boas notas entrarão na universidade. Nada mais. Dentro de pouco tempo quase tudo aquilo que lhes foi aparentemente ensinado terá sido esquecido. Não por burrice. Mas por inteligência. O corpo não suporta carregar o peso de um conhecimento morto que ele não consegue integrar à vida”.
Dentro da proposta de uma metodologia de ensino que molde um perfil generalista para o engenheiro, é preciso considerar o que ressalta Gardner [apud10]: atualmente, ninguém pode aprender tudo o que há para ser aprendido. O ensino tradicional moldado nos tempos da renascença gostaria, como os homens e mulheres daqueles tempos, de diplomar pessoas que pudessem saber tudo, ou pelo menos de acreditar no potencial de saber tudo, mas esse ideal claramente já não é mais possível. Devemos considerar também, que nem todas as pessoas têm os mesmos interesses e habilidades; nem todos aprendem da mesma maneira. Conseqüentemente, a escolha é inevitável e seria importante que as escolhas, que fazemos para nós mesmos e para as pessoas que estão sob nossa responsabilidade, fossem pelo menos escolhas informadas[5]. A concepção de uma escola centrada no indivíduo seria rica na avaliação das capacidades e tendências individuais. Ela procuraria adequar os indivíduos não apenas às áreas curriculares, mas também às maneiras particulares de ensinar esses assuntos. E depois dos primeiros anos, a escola também procuraria adequar os indivíduos aos vários tipos de vida e de opções de trabalho voltados para suas competências naturais e existentes em sua cultura[10].
A orientação é um processo de fazer o indivíduo descobrir e usar suas competências naturais e tomar consciência das oportunidades disponíveis de modo a tirar o maior proveito para si próprio e para a sociedade. A função do orientador será o de ajudar o aluno a refletir sobre si mesmo e sobre seus valores positivos e negativos opondo-se, decididamente ao conceito de que orientar é dar conselhos.
Na concepção de uma Escola do Futuro, Gardner propõe um novo conjunto de papéis aos educadores. Dentre eles a do agente da escola-comunidade (coordenador de estágio) que tem a função de adequar os alunos a oportunidades de aprendizagem na comunidade mais ampla, atividades, acompanhadas por um mentor e supervisionadas por um coach, em estágios supervisionados, procurando assegurar uma sensibilidade em relação a diferentes tipos de papéis, dentro da profissão, explorando e desenvolvendo competências [9].
“Todo conhecimento começa com o sonho. Mas sonhar é coisa que não se ensina. Como Mestre só posso lhe dizer uma coisa: conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos” (Ruben Alves).
Nenhum comentário:
Postar um comentário